Filha de diplomata morto durante a Ditadura, Lygia Jobim presta depoimento à CNV e à CEV-Rio - CNV - Comissão Nacional da Verdade
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A Comissão Nacional da Verdade (CNV), órgão temporário criado pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, encerrou suas atividades em 10 de dezembro de 2014, com a entrega de seu Relatório Final. Esta cópia do portal da CNV é mantida pelo Centro de Referência Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional.

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Segunda, 23 de Setembro de 2013 às 17:25

Filha de diplomata morto durante a Ditadura, Lygia Jobim presta depoimento à CNV e à CEV-Rio

2013-09-20-15.42.47José Jobim, ex-embaixador, foi sequestrado em frente à sua casa em 22 de março de 1979. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado em Itanhangá, bairro da Zona Oeste do Rio. Segundo a versão policial, Jobim se enforcou com uma corda. A hipótese é refutada pela família que, na figura de sua filha, Lygia Jobim, dedicou os últimos 34 anos buscando a verdade sobre a morte do pai. Na sexta-feira passada (20/09), Lygia prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade e à Comissão da Verdade do Rio, contando o que sabe sobre o episódio.

"Essas comissões são minha última esperança para cumprir a promessa que fiz a mim mesma: até o fim da vida vou buscar a verdade que o Estado brasileiro me deve e que tenho o direito de apresentar aos meus filhos e ao meu neto", disse emocionada Lygia.

Segundo Lygia, a família foi ainda mais prejudicada com a versão de suicídio, porque companhias de seguro não queriam pagar o que era de direito. O Instituto Médico-Legal (IML) propôs um acordo com os parentes: se eles não continuassem com as investigações, o órgão daria um novo atestado de óbito. Lygia recusou a proposta. Outro fato curioso é que a corda, usada no suposto enforcamento, teria sido comprada por Jobim em uma loja no Alto da Boa Vista. O vendedor, entretanto, era cego e não pôde confirmar a versão da polícia.

"Do núcleo familiar que protagonizou o drama, passados 34 anos, só eu estou viva. Como disse meu filho há alguns dias, minha vida foi programada para viver esse momento. Minha trajetória foi dedicada a encontrar respostas às inúmeras questões que permanecem em aberto".

Em 1983, quatro anos após a morte do diplomata, a então promotora Telma Musse Diuana (hoje desembargadora aposentada) foi designada para cuidar do caso. Solicitou novas investigações à polícia, baseando-se na "dubiedade do laudo que concluiu pelo suicídio". Reaberto o caso na esfera policial, foi finalmente instaurado um inquérito (antes havia apenas uma sindicância), o qual considerou os fatores da morte do embaixador "todos incompatíveis com a hipótese adotada pelos legistas oficiais". O processo acabou arquivado em 1985, sendo morte de Jobim qualificada de "homicídio por autor desconhecido".

A tomada de depoimento foi feita na sede da CEV-Rio e contou com a participação de Antônio de Moraes Mesplé, do grupo de trabalho "Violações de Direitos Humanos de brasileiros no exterior e de estrangeiros no Brasil" e os membros da CEV-Rio, Nadine Borges e João Ricardo Dornelles.

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação
Mais informações à imprensa: Thiago Vilela (CNV) e Renata Sequeira (CEV-Rio)
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